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sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Os Meus Idolos - Maradona


“Em 85, na Colômbia, atiraram-lhe um laranja quando se preparava para marcar um canto e ele viu-a ainda no ar. Quando caía, amorteçeu-a com o pé, fazendo um movimento com o calcanhar, que a permitiu de ficar colada á sua bota, sem se desfazer. Então começou a dar-lhe toques curtos e rápidos, sem a deixar caír, tic, tic, tic. De repente, levantou-a meio metro, deu a volta, de costas para o público, e pegou uma bicicleta na laranja que a devolveu mais ou menos ao sitio de onde tinha vindo, mas agora já desfeita. Isso vi eu, não me contaram!..”

Jorge Valdano, in Sueños de Futbol


Esta é uma das muitas histórias conhecidas sobre Diego Maradona. O génio do futebol que se confunde com o próprio significado do futebol. Se um dia me perguntarem: mas afinal o que é a magia do futebol? Eu respondo: Maradona. Ninguém podia ficar indiferente a um jogador que ganhou, praticamente sozinho, o Mundial 86.

Dieguito fez 45 anos no passado dia 30 de Outubro. Como o tempo passa depressa. Há cerca de 20 anos atrás, 1986, era eu um miudo que nunca tinha visto futebol na tv, mas devido à participação da selecção portuguesa de futebol no Mundial de futebol México 86, despertei para o interesse do futebol seguido pela tv e, sobretudo, para os jogos da selecção nacional. Recordo-me perfeitamente que a maioria dos jogos começavam para lá das 23 horas, mas como era Verão, seguia com interesse os encontros de Portugal. Relembro-me de vibrar com a vitoria frente à Inglaterra de Bobby Robson, e de sofrer com as derrotas com a Polónia e o massacre frente a Marrocos. Este foi sem duvida o meu primeiro desgosto no futebol, tal a minha confiança na goleada que a nossa excelente selecção iria infligir aos magrebinos. Os golos marroquinos sucediam-se, um, dois, e a minha fé inabalável! Mas ao terceiro golpe muculmano, a realidade torna-se sombria e somente a esperança propria de uma criança fez com que, apos o golo de Diamantino, a breves minutos do fim, me fez acreditar ainda na recuperação.

Nesses dias em que o Mundial decorria iniciava-se o Verão, e o meu interesse pela prova decaiu consideravelmente. Não tinha noção que o futebol não é apenas a nossa equipa, a nossa selecção, mas um belo jogo que, disputado pelos melhores e entre os melhores, se torna a 8ª maravilha do Mundo. O unico jogo que voltei a ver foi a final, acompanhado pelo meu pai, e somente pela curiosidade. Relembro-me perfeitamente ter torcido pela Republica Federal Alemã, frente à Argentina. O jogo em si não me despertou grande interesse, exceptuando um jogador franzino, que fazia o que queria com a bola. Os alemães perdiam por 2-0 no ultimo quarto de hora e, em breves instantes, empatam o jogo, em 2 pontapés de canto, um deles convertido pelo grande Rudi Voeller. Estava naturalmente feliz e acreditava mais do que nunca na vitoria alemã. Hoje, volvidos 18 anos, dou graças por tal não ter sucedido. Porque teria sido um crime um jogador da qualidade de Maradona ver-se privado do titulo supremo a que um jogador pode alcançar, sobretudo pelo facto de, no caso dele, ter sido um titulo conquistado para si, para os colegas e para um povo orgulhoso do seu Pibe.

Muitos acreditam que Pelé foi o melhor de todos os tempos. E reafirmam isso pelo facto de ter sido tri campeão mundial, contra apenas um titulo do Maradona. Vou, modestamente, tentar desfazer um pouco este mito. Tudo que aqui escreverei serão factos, veridicos e indesmentíveis, complementados com a minha opinião pessoal. Sem duvida que Pele participou em 4 mundiais de futebol, tendo ganho três deles. Mas vamos por partes, e observar a sua influência em cada um deles.

Suécia, 1958. Pelé, então com 17 anos é convocado para o Mundial. Não faz parte da equipa titular brasileira, excelente equipa. Com o decorrer da competição Pelé arranja o seu espaço no onze titular, e na final, marca um golo fabuloso, na vitoria 5-2 frente aos anfitriões suecos. Mas será que o Brasil não venceria a competição sem a presença de Pelé? Tudo leva a crer que a vitória era um facto adquirido, com maior ou menor encantament. Naturalmente que ver um miudo de 17 anos fazer as habilidades de Pelé torna a vitoria mais encantadora, mas o essencial a retirar é que Pelé era mais um dos que, em conjunto, venceram brilhantemente o Mundial.

Chile, 1962. Nova vitoria do Brasil, numa final controversa frente à Checoslováquia. Pelé lesiona-se praticamente no inicio da competição e acaba vencedor, mas sem grande participação na mesma. Vitoria controversa devido ao facto de Garrincha (esse sim, o jogador que carregou o Brasil para o titulo, o mais fantástico driblador da historia do futebol) ter jogado a final, quando deveria ter sido expulso nas meias-finais. Isto é um facto! Não o foi para protecção do espectaculo, contra as regras do jogo.

Inglaterra, 1966. Pelé e o seu Brasil têm uma péssima participação no Mundial, tendo mesmo sofrido uma lesão grave frente a Portugal. Por muito que tentem arranjar essa lesão como desculpa, a verdade é que o Brasil foi inferior, quer a Portugal quer à Hungria, sendo justamente eliminado.

México, 1970. Aqui sim, e mais uma vez inserido na equipa considerada por muito boa gente, como a melhor do século, Pelé tem um estatuto de lider na conquista do titulo. No entanto convém relembrar que a Italia, finalista vencida, vinha de uma desgastante meia final frente à RFA, notando-se por completo o desgaste dos seus jogadores na segunda parte da final.


Maradona. Participa em 4 mundiais. Não participa em 1978, com 17 anos, porque o selecionador argentino, num assumo de cobardia, decide prescindir de um miudo que já era idolatrado na Argentina. É um facto que a Argentina vence esse mundial sem Maradona, mas também é um facto que, se em 1958, o seleccionador brasileiro, numa activa medrosa e cobarde, prescindisse de Pelé, também seria campeão mundial. Mas não o fez. E ainda bem para o futebol. Que pena Cesar Luis Mennotti, seleccionador argentino em 1978, nao ter tido a presença de espirito de convocar Dieguito.

Mas Maradona estava decidido em entrar na historia. E depois de um mundial mais acidentado em 1982, em Espanha, eis o fantástico Mundial de 1986, primeira e unica vez em que um jogador, carregando consigo um banal conjunto de jogadores, se torna campeão mundial! Apenas ao alcance dos melhores. Talvez só ao alcance do melhor.

Mas a magia de Maradona não fica somente por esse ano fabuloso. Ao contrário de Pelé, que sempre preferiu manter-se no Brasil e ao serviço do Santos, Maradona parte à conquista do Mundo e ao encontro dos melhores adversários. E opta pelo caminho mais dificil. Ao tornar-se jogador do Napoles, clube obscuro e sem tradições futebolisticas em Italia e na Europa, consegue um facto ainda mais formidável que o titulo mundial: Leva a equipa por 2 vezes a sagrar-se campeã de Itália, e consegue igualmente sagrar-se, pelo menos uma vez, rei dos marcadores. Mas Napoles, que, em tanta gloria se vê envolvida devido ao seu eterno menino de ouro, retribui da pior maneira: droga, mafia, prostituição. Tudo isso faz cair o ídolo na desgraça. Maldita seja pra sempre Napoles por teres destruido o mais belo jogador da historia do jogo.


PS:

No inicio do texto, referi-me ao jogo da final do Mundial de 1986. Quando a RFA marca o empate a 2-2, acreditei na vitoria alemã, mais do que nunca. Mas foi então que um franzino jogador me provoca uma desilusão. Maradona domina a bola em velocidade, finta em corrida 2 alemães e cede a bola a Burruchaga fazer o 3-2 final, a escassos segundos do fim. Nunca mais esse franzino jogador me provocou tristezas. Só alegrias!

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