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sexta-feira, março 10, 2006

Onde acaba o mérito de Koeman e começa o demérito de Benitez?


O que se pode retirar da eliminatória entre Benfica e Liverpool? Não sendo eu um adepto encarnado, ou seja, não me encontrando num estado eufórico que me permitira dizer bestialidades como “Ninguém para o Benfica” (deve estar na altura do Sportig ir à Luz pra Taça para acabar novamente com esse mito urbano), “quem vir a seguir morre”, entre outras patetices.

Se me dou ao trabalho de escrever sobre essa eliminatória, não é nem para elogiar a equipa portuguesa nem para lhes tirar o mérito. Obviamente que o Benfica e, sobretudo, Koeman tiveram muito merito. A equipa esteve muito concentrada no jogo em casa, não permitindo uma única ocasião de golo e soube aproveitar a única ocasião de golo de que dispôs na Luz. Contra equipas de nivel superior como é o caso do Liverpool (e não vale a pena pensar que o Liverpool é inferior só porque perdeu, caso contrário poderíamos afirmar que o Gondomar que há 5 anos foi ganhar à Luz era… melhor que o Benfica!) é necessária grande eficacia na relação remate/golo. Quantas oportunidades teve o Benfica em 180 minutos de jogo? Eu contei-as, foram 4 oportunidades para 3 golos. Ora, quando se tem um aproveitamento de 75% (qualquer relação acima dos 40% já é suficiente para abanar a confiança de qualquer colosso do futebol) é natural que se passe a eliminatória. O Liverpool, apesar do grande merito dos defesas do Benfica, ainda dispôs, sem exageros, de 5 ocasiões claras de golo em Anfield. Quando o aproveitamente é nulo (e mesmo que fosse de 20%, ou seja, 1 golo) ou muito baixo, as hipoteses de passar são igualmente muito baixas. O futebol actual não é feito de esbanjamentos, e a estatistica conta. Por alguma razão todos temem as equipas transalpinas, mundialmente famosas por precisarem apenas de duas ocasiões para marcar um golo. Por vezes basta até uma, caso da Udinese em Alvalade.

O Benfica ganha a eliminatória porque foi eficaz, tanto a atacar como a defender. Não teve momentos de dominio sobre o adversário (em nenhuma ocasião, nos 180 minutos da eliminatória, se viu o Liverpool ser dominado e empurrado para a sua area), preferindo a postura defensiva e de contra ataque. Por este facto, por não ter visto superioridade dos jogadores encarnados sobre os “reds” de Liverpool, é que acredito piamente que o sucesso da eliminatória residiu no facto de Koeman ter sido claramente superior a Rafa Benitez. Foi Koeman que passou aos QF da Champions League e foi Benitez que foi afastado da prova.

Rafa Benitez, com mais um campeonato ingles perdido, já para não falar da total incapacidade em derrotar um São Paulo ultra defensivo na Final do Mundial de Clubes (deve ter tirado uma boa lição desse jogo Ronald Koeman…), necessitava de ter apostado seriamente nesta eliminatória. Mas creio que o espanhol subestimou o Benfica, tal como Alex Ferguson subestimou o Porto de Mourinho. Benitez acreditou, tal como eu, confesso, que mais remate menos remate, mais minuto menos minuto, o Liverpool passava para a frente da eliminatória e estava tudo acabado. Só que eu não sou treinador! Rafa Benitez teve a ousadia de jogar a primeira mão fora de casa e tentar marcar… zero golos! Isto vindo de um treinador que já ganhou uma taça uefa e uma liga dos campeões, nos ultimos dois anos! E basta recordar o passado para ver que não foi assim que ele procedeu anteriormente, se descontarmos o caso da visita a Stanford Bridge para jogar com o Chelsea. Todos sabemos que um golo fora é autentico ouro, mesmo que se corra o risco de sofrer um ou dois. É um risco que vale a pena correr. Benitez, na Luz, fez um jogo decepcionante e a ausencia de Gerard não serve de desculpa. Os atritos pessoais com um fabuloso jogador como Djibril Cissé obrigam-no a jogar com um acabado Robbie Fowler, um tosco como Peter Crouch ou um pre-reformado como Morientes. Tudo para não colocar em campo e moralizar um jogador que prometia, há duas epocas, tornar-se num dos melhores atacantes mundiais. Esta é uma diferença significativa entre Mourinho e Benitez. Mourinho nunca desperdiçaria um talento puro como o francês. E, não é lançando-o às feras quando tudo corre mal, e ainda por cima como extremo direito, que se pode exigir seja o que for. Já na epoca passada fiquei com a clara sensação que Benitez eliminou o Chelsea sem saber ler nem escrever e que ganhou a Champions ao AC Milan por total demerito de um bacoco Ancellotti, que não soube segurar um jogo com 3-0 a seu favor! Já para não dizer que o Valencia de Benitez derrotou o Marselha na final da Uefa de há dois anos mas para tal foi necessario um penalti e respectiva expulsao do jogador marselhês, à beira do intervalo, para facilitar a sua tarefa. Rafa Benitez, para mim, está longe da mente brilhante que alguns apregoam. Perder o mundial de clubes, a taça de inglaterra, o campeonato ingles (já vai a 20 pontos, incrivel!) e deitar fora a única possibilidade de sucesso por menosprezo ao adversário, não é digno de quem se considera no topo da sua profissão. Para mim Benitez só tem uma desculpa: se tiver apenas visionado um video do Benfica, o tal jogo na Luz frente ao Sporting. De facto, nesse jogo, o seu adversário não apanhou 7 ou 8, porque não calhou! Mas meu caro Benitez, tirar conclusões de um só jogo não é admissivel. Ainda para mais, como se viu, Benitez não aprendeu nada com Paulo Bento.



Umas palavra final para os adeptos ingleses. A lendária bancada “The Kop” mostrou-se sempre fiel aos seus jogadores, com um inicio absolutamente ensurdecedor. Mesmo quando Simão marcou o golo, embora esfriando no apoio, não se escutaram assobios aos seus jogadores. Ou os apoiam, ou sofrem em silencio. E que arrepio que senti quando, após o golo de Miccoli, e com tudo perdido, vejo os adeptos de pé, com o cachecol bem esticado, a cantar a famosissima musica “You’ll Never Walk Alone”. Arrepiante, absolutamente fabuloso! Porque não podem os idiotas que fazem parte das nossas claques copiarem estes excelentes exemplos, em vez de copiarem o que de mau se faz em Italia, por exemplo? Na noite de quarta feira os adeptos do Liverpool ganharam um novo admirador. Aquilo é paixão por um clube, não por um treinador ou por jogadores. Não lhes inporta estarem há 16 anos sem campeonatos ingleses, não é isso que alimenta a sua paixão. Revejo-me totalmente neles. Não é a busca de titulos e gloria que me levou a escolher ser adepto do Sporting. É a paixão pelo clube, claramente superior a qualquer titulo. Ser adepto de um clube apenas porque é o que mais titulos possui ou porque é o que vence, é a mais ridicula das razões.

2 Comments:

At março 11, 2006, Anonymous Anónimo said...

Este blog é excelente.
Ainda não li um post em que não falasses do Benfica.

Isso é que é amor. Já estou com ciúmes.

 
At março 11, 2006, Blogger El Pirata said...

Obrigado pela visita. Acredita que a mim me acusam mais de amor pelo Porto do que pelo Benfica. No entanto, vá lá saber-se porquê, ninguém parece perceber que sou adepto, apaixonado, do Sporting!


Quanto ao facto de falar muito do Benfica, bem, falo da actualidade. Se a semana foi marcada pela passagem do Benfica aos 1/4f da CL, é natural que fale deles, nao? Se nao o fizesse é que era estranho!...

Quanto ao facto de só veres Benfica no blog, parece-me que nao perdeste muito tempo, nem sequer na pagina principal. Afinal de contas, em 15 posts à tua frente, apenas 3 falam do Benfica! Podem estar todos seguidos, é um facto, mas mesmo assim, sugeria-te um pouco mais de atenção para nao caires no erro de fazeres juizos de valor à toa. Acredita que se o Benfica eliminar o Barcelona cá estarei eu para o sublinhar!

Abraço

 

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