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quinta-feira, junho 08, 2006

O euro do nosso descontentamento



O Euro2006 de “Sub-21” foi feito à medida da selecção portuguesa. Pelo menos era assim que os portugueses pensavam. É desculpável, afinal de contas a esmagadora maioria não conhecia o valor de selecções como a Holanda, a Ucrânia e a França, que provaram a todos nós que não são inferiores à melhor selecção portuguesa. Sim, se são tão boas como a nossa melhor selecção, agora imaginem quando defrontam aquela manta de retalhos que alugou a camisola portuguesa durante uma semana.

Este post é dedicado ao que de melhor passou por Portugal nas duas semanas da competição. É dedicado a uma grande equipa holandesa que, embora começando a competição com uma derrota (tal como Portugal), soube reagir como uma equipa e saiu como incontestável vencedora da prova. Jogadores como Huntellar, Nicky Hoffs e Castelen têm um futuro brilhante pela frente. Este trio de ataque (ao contrário do trio viperino da tv…) é um regalo para quem gosta verdadeiramente de futebol.

Mas não foram só os holandeses que se destacaram. Da Ucrânia dois jovens, que curiosamente fazem parte da lista que irá ao Mundial da Alemanha, sobressaíram: o defesa Chygrynskiy e o estratega Milevsky. Se os prospectores dos clubes portugueses seguissem a competição, em vez de estarem já no brasil a fazer que trabalham, eram dois nomes a constar da lista de reforços de qualquer clube. A juntar a estes destaco ainda dois franceses (podiam ser mais…), os médios Mavuba e Toulalan e o dinamarquês Kahlenberg, autor de 3 golos em 3 jogos!

Contra factos não há argumentos: não foi Quaresma nem nenhuma outra pseudo estrela a brilhar em Portugal! Os nomes que destaquei, que poderiam igualmente participar no Mundial, exceptuando obviamente o dinamarquês, deixaram de lado as amarguras e provaram porque são destaques no seu País!



Agora vem a parte dedicada ao saloio que ousou questionar Scolari! Sim, o homem que, entre outras barbaridades, disse:

“Se tivesse muito dinheiro, apostava forte em Portugal”, antes da competição

“A Servia é uma equipa muito simples, tipo arroz com feijão”

“Se quisesse ter uma saída airosa, dizia que foi o azar”, depois da eliminação do Europeu


Agostinho Oliveira, que para quem não sabe foi aquele treinador que perdeu os 3 jogos do mundial de sub-20 na Austrália, em 1993 (facto que proporcionou um mês de férias delicioso na terra dos cangurus, dos koalas e do surf… e não esqueçamos que eramos, somente, os bicampeões em titulo!) exigiu ao Felipão a lista de convocados, como se o facto de não saber se contava com Quaresma (porque os outros possiveis convocaveis sabiam, tal como TODOS os portugueses, que iriam jogar nos sub-21) fosse impeditivo de montar uma estratégia de jogo. A única estratégia foi gerar consenso entre os anti-scolari (ávidos por qualquer motivo para largar veneno sobre o homem que uniu a selecção com 95% da população portuguesa), e mandar bitaites sobre o favoritismo à conquista da prova. Ora, como se viu, só um leigo, como eu, e a larga maioria dos portugueses, podem assumir tal candidatura com total desconhecimento do real valor dos opositores! E mais importante, com essas criticas a Scolari, afirmando que não saberia qual é a equipa, passou a imagem que há jogadores de primeira e segundas escolhas. Isto é que é a verdade que não pode, não deve, nunca ser transmitida pelo responsável principal. Foi decepcionante olhar para o banco, durante os jogos, e observar a pose do seleccionador, que pareceu sempre mais de adepto desesperado do que técnico competente. É preciso um grupo coeso e em sintonia com o treinador, mais do que nomes sonantes e jovens, ainda em processo de ascenção e consolidação de maturidade. Tive imensa dificuldade em encontrar uma linha de raciocinio em Agostinho Oliveira, tira Moutinho, mete Moutinho, tira Nani quando foi o melhor do primeiro jogo, muda a defesa quase toda, insiste num Hugo Almeida completamente desastrado, que ainda por cima quase que obriga a um futebol directo, enfim... atitudes próprias de um homem desesperado!

Ao contrário de Scolari, Tino nunca teve o grupo consigo, não o conquistou e compreende-se perfeitamente porquê! Aliás, quando afirmou que Quaresma e demais jogadores que tinham pretensões a disputar o Mundial, escusavam de disputar o euro sub-21, por falta de concentração e motivação, foi brando! Um líder, que quer conquistar o grupo, tem de tomar essas decisões. E foi óbvio que Quaresma nunca deveria ter jogado! Quanto mais jogar 270 minutos! Foi penoso observar tão talentoso jogador humilhar-se a cada jogo! Fomos de vela? Pior, fomos de trivela! Não se admite que um treinador permita que um jogador faça pouco do trabalho da equipa! Quaresma só não marcou pontapés de canto de trivela, porque de resto repetiu esse movimento duzias de vezes por jogo! Esse gesto técnico brilhante deve ser usado a favor da equipa e não como brincadeira de praia! Nunca, repito nunca, Scolari permitiria tamanho afronto! Talvez resida aqui a diferença entre Scolari e Tino.


PS:

Entretanto é hilariante o facto dos anti Scolari virem culpar o chefe das selecções (o dito Scolari) pelo inêxito do Tino. De facto todos acreditamos que os chefes levam sempre com as culpas (e incompetências) dos subalternos. Sim, talvez no País das Maravilhas. Bem, o que eu sei é que todos assobiam para o ar após o ultimo lugar numa competição disputada em casa, mas ao mesmo tempo exigem as meias finais á selecção A. Somos de facto um país de comediantes…

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