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quinta-feira, junho 29, 2006

WC'06: 1/8 final: Portugal - 1 Holanda - 0


Não foi um excelente jogo de futebol mas foi o melhor exemplo para explicar o motivo pelo qual este desporto é o rei de todos os desportos. Se o objectivo é a beleza e graciosidade então poucos desportos superam a patinagem artistica, a ginastica ritmica e a natação sincronizada. Se, por outro lado, o objectivo é dominio, concentração, reflexos, poucos desportos superam a Fórmula 1. Se procuramos exemplos de resistência, força, sacrificio, nada como ver as grandes provas mundiais de ciclismo, em especial o majestoso Tour de France. E não faltam por aí exemplos de desportos que englobam características que fariam deles o destaque desportivo do planeta. Aliás, quero destacar um em particular, o triatlo, que tenho observado com interesse e que tem tudo para ser uma modalidade de pleno destaque nas olimpiadas futuras. E com uma atleta do nivel de Vanessa Fernandes, podemos estar certos que não demorará muito para voltarmos a ouvir o hino nos Jogos Olimpicos!

Mas regressando ao futebol. Porque razão é então este o desporto-rei? Em primeiro lugar porque é barato (quem nunca enrolou meia duzia de papeis com fita cola para fazer uma bola?) e joga-se em qualquer lugar, seja praia, mato, rua, até mesmo dentro de um quarto de hotel (evitem partir algo que o manager do hotel não vos devolve a caução, acreditem!). Mas, sobretudo, e como podemos observar na maior divindade futebolistica de todos os tempos (Avé Maradona)… até um tipo atarracado, com uns quilitos a mais, e pernas tortas… pode ser craque! Tirando o bilhar de bolso e a sueca, conhecem outro desporto onde o talento não depende única e exclusivamente do fisico? No futebol isso não se verifica, pelo menos não integralmente. E o anão Simão é a prova disso mesmo. Qualquer um, desde que tenha habilidade e espirito de sacrificio pode virar craque e ter meia duzia de rameiras apresentadoras de tv atrás. Mais certo que acertar em 3 numeros do euromilhoes.

Adiante. Serve esta introdução para vitoriar os craques portugueses pela excelente vitória frente á Holanda. Foi, para mim, uma das vitórias mais saborosas da minha vida. E a verdade é que, revendo o jogo, já sem a chama da emoção e da intensa carga nervosa… reparo que o jogo não valeu dois tostões! Mas não trocava uma vitória portuguesa por 5-0 frente á Holanda por uma vitória como a do passado domingo, arrancada a ferros e com uma enorme carga dramática. Para mim aqueles 11 artistas seriam candidatos ao oscar para melhor actor na proxima cerimónia de Hollywood! Excelentes interpretações, a mim convenceram-me mesmo que estavam realmente aflitos, quando afinal estava tudo sob controlo. O problema pode ser mesmo esse… os caquéticos de Hollywood não costumam dar oscares a histórias com final feliz. Não se preocupem… o público adora-vos!


Filmes à parte, destaco duas curiosidades. Em primeiro lugar a péssima arbitragem do russo Ivanov. É inaceitável que um jogo com 26 faltas acabe com 20 cartões exibidos. Tanto mais que, no dia anterior, Mexico e Argentina protagonizaram um jogo quezilento, com o DOBRO das faltas assinaladas relativamente ao desafio da nossa selecção, tendo finalizado, no entanto, com tão poucos cartões. Ou há moralidade ou comem todos por igual! E eu, sinceramente, sou contra os cartões, sobretudo os amarelos. Se um jogador, como o holandês que agrediu Ronaldo, cometer uma falta barbara… expulsão sem piedade! Se, por outro lado, um jogador abusa do jogo faltoso, cartão amarelo! Agora o futebol é um jogo viril, um derrube mais bruto, desde que não seja maldoso, não deveria merecer castigo. Mas com critério senhores arbitros, com critérios uniformes! Deixem jogar mas deixem, sobretudo, jogar as duas equipas. Ivanov não teve coragem de expulsar o holandês aos 5 minutos, porque se a falta fosse aos 55 minutos estou certo que o faria. E isto é inaceitável.

Por outro lado, Costinha, Deco e Figo, os três mais experientes e, sobretudo, lideres da equipa, cometeram erros de meninos. No caso dos dois primeiros, esses erros levaram à expulsão, Figo escapou porque o arbitro não viu (embora a FIFA acredite que a cabeçada tenha sido mais um encosto do que um golpe). Eu estou contra a não expulsão do holandês que agrediu Ronaldo, estou contra a aceitação por parte do arbitro do anti fair-play holandês que levou ao cartão amarelo exibido a Deco. E estou contra à amostragem excessiva de cartões, quase num ratio de 1 falta/1 cartão! Mas, e desculpem a frontalidade, Costinha, Deco e Figo foram/seriam bem expulsos. Se, e quero crer que sim, o objectivo é ir o mais longe possível na competição, então o controle emocional tem de ser obrigatório. Esperava-se que Cristiano Ronaldo caísse nesse erro, não se esperava que fossem três dos lideres a dar o mau exemplo. Sair da competição é compreensível, quiçá até inevitável… mas com dignidade e com honra. Basta sermos vistos como os hooligans dentro dos relvados.


Para acabar quero felicitar Scolari pela vitória. Ou melhor, pelas 11 vitórias consecutivas, algo que não está ao alcance de qualquer um, e que dificilmente será batido nas próximas decadas. A forma como festeja os golos, como discute, como incentiva, como defende a selecção perante jornalistas estrangeiros (mais um ou outro camelo como o Ribeiro do pasquim, que dor de corno mãezinha…) e como canta o hino (!) é de louvar. Que fique nos comandos da selecção até á chegada de Mourinho… era a ideal passagem de testemunho e a certeza que o bom trabalho não caía em saco roto.

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