Mitos Leoninos I - Yazalde

Foi um furacão que passou pelo futebol português entre 1971 e 1975. Hector Casemiro Yazalde tornou-se, com base em qualidades fantásticas para a função de ponta de lança, um dos maiores fenómenos da história do futebol em Portugal. Era um goleador nato, com todas as qualidades bem estimuladas, sobretudo aquelas que lhe permitiam ser mortífero perto da baliza: simplesmente portentosa a forma como explodia, se antecipava às defesas, ganhava posição e se tornava letal, normalmente a um toque, fosse com os pés ou de cabeça. Quando chegou a Alvalade era já um jogador prestigiado na Argentina, contando 25 internacionalizações e uma popularidade indiscutível. Não se impôs automaticamente, razão pela qual viveu tempos difíceis. No final tudo se esclareceu: marcou 126 golos em 131 jogos oficiais pelo Sporting, com uma média magnífica para o campeonato nacional: 104 golos em 104 jogos! Esteve presente no Mundial de 1974 na Alemanha Ocidental, e seguiu para o Marselha um ano depois, com dois títulos conquistados, um campeonato e uma taça.

Como curiosidade fica o facto de na época de 1973/74 Hector “Chirola” Yazalde ter alcançado um feito extraordinário: marcou a exorbitância de 46 golos no Campeonato Nacional (recorde absoluto) e ganhou a Bota de Ouro Europeia, prémio para o melhor marcador dos campeonatos europeus. Yazalde baixou a bitola na temporada seguinte, a última que fez no Sporting, mas mesmo assim apresentou números difíceis de igualar: 30 golos marcados em 26 jogos para o Campeonato Nacional! E, deste modo, conseguiu entrar na galeria de mitos do Sporting Clube de Portugal.

Aqui fica o registro histórico do Chirola em Alvalade:

Épocas no Sporting: 4 (1971-75)
Jogos e Golos em todas as competições, por época:

1971/72 – 27 Jogos / 13 Golos
1972/73 – 36 Jogos / 27 Golos
1973/74 – 35 Jogos / 50 Golos
1974/75 – 33 Jogos / 36 Golos

Total = 131 Jogos / 126 Golos

PS:

Na penúltima temporada em Alvalade, e por altura da revolução de Abril de 74, Yazalde guiou a sua equipa às meias-finais da Taça das Taças, frente ao Magdeburgo, equipa da extinta Republica Democrática Alemã. Ainda hoje os envolvidos na dupla jornada europeia têm a perfeita convicção que foi devido ao castigo imposto ao atacante argentino que a equipa leonina não seguiu para a final da prova, eliminada somente por um golo de diferença frente à equipa que viria a levantar o troféu. Um castigo que pode ter custado um importante troféu para as vitrinas leoninas e que vêm provar a evidente mais valia que representava o avançado das Pampas. Que deixou saudades para sempre!